Serei eu, ou será que todos os pais passam por isso ao vê-los crescer.
Num dia temos umas crianças que se aninham no nosso colo, que procuram os nossos mimos e no outro temos adolescentes que evitam mostrar afectos em público. Num dia temos bebés indefesos, noutro jovens à procura do seu espaço. Deixamos de nos preocupar com fraldas, leite, arranhões e medos, e passamos a preocupar com frustrações, crises existenciais e medos.
Faço por não perder nada do crescimento deles, por não perder nenhuma actividade, estar o mais possível presente, tentar ajudar, orientar e colocar betadine nas feridas da alma.
Todos os dias temos dúvidas se a educação que lhes damos é a melhor, todos os dias somos postos à prova.
Sei que nem sempre tomo as melhores decisões, mas sei que faço o melhor.
O resultado não saberei hoje, saberei daqui a uns anos, e já não faltam muitos, quando forem adultos.
Acredito que o exemplo que tiverem dos seus pais durante o seu crescimento os moldará para o futuro, seja ele para fazer o bem ou o mal, estarem presentes ou ausentes.
Não quero que sejam como eu, mas que pelo menos que tenham a força de lutar pelo que desejam e acreditam, que não desistam, que não atropelem ninguém no processo de luta, que sejam justos, que procurem a vitória, respeitem quem perde, e aceitem as suas derrotas como incentivo de fazer melhor na próxima. Que cresçam com força, objectivos e valores.
Quem tem filhos sabe que há dias do ano em que somos envolvidos em actividades o Dia o Pai é um deles.
Eu já nem estava habituado a ser envolvido nisso desde que sairam do 4º ano e hoje 3 anos após vejo-me numa embrulhada dessas.
Então não é que o clube convidou os pais dos atletas a participarem no treino de hoje. Lá tenho eu que vestir uns calções com um frio destes, calçar umas botas e ser envergonhado por um grupo de putos de 12/13 anos.
Estejam à minha espera no fim do treino com uma garrafa de oxigénio e um desfibrilhador.
Foi à treze anos o dia mais feliz da minha vida. Foi o dia em que tudo mudou, em que deixei de viver para mim e passei a viver para os dois seres que neste dia nasceram.
Hoje é dia de festejar o aniversário deles e de agradecer aos avós que cada um à sua maneira e cada um a seu tempo ajudaram e ajudam nesta tarefa.
E agora vou beber um pouco mais de champanhe porque afinal é dia de festa.
"- Come o melão. Na casa do avô deves comer o melão inteiro."
"- Não, às fatias. Inteiro não me cabe na boca."
... a canalha de casa entrou definitivamente na idade parva.
Foi há 12 anos que a vida mudou. Foi o culminar de nove meses de espera, ansiedade e preparação. Desde aí nada foi o mesmo, aquele dois seres passaram a ser a primeira prioridade, e fizeram a que os horários se adaptassem aos deles. Claro que a a prisão do relógio face às necessidades deles já é diferente e eles já se adaptam às nossas. São 12 anos de muitas alegrias, vitórias mas também de sustos e chatices que fizeram que alguns cabelos brancos aparecessem. Sei que já me deram mais problemas que aqueles que eu dei, mas eu não tinha em casa um irmão para que houvesse as normais implicações e acidentes, e que o feitiozinho deles já me rendeu algumas chamadas à escola, nada que não se tenha conseguido controlar, e que se reflete nas boas notas no fim dos anos.
Sei que me criarão mais cabelos brancos, mas se for ao ritmo que me estão a aparecer não me poderei queixar muito.
Sempre os ensinei, que quando eu saísse de casa não abrissem a porta a ninguém, nem respondessem sequer. Ora hoje foi desses dias, tive de sair por 10 minutos e esqueci-me da chave em casa. Lá em cima ninguém atendia e eu em baixo esperava que algum vizinho aparecesse.
. Filhos
. Está oficialmente decreta...